sexta-feira, 30 de outubro de 2009

PIETRO PROSÉRPIO | OBJECTOS CINEMÁTICOS | DEZEMBRO




1 a 13 Dezembro | Exposição dos Engenhos
1 a 4 Dezembro | Visitas guiadas > Engenhos com histórias (Pré - Escolar e 1 º Ciclo)


A partir de peças que perdem a sua utilidade (aparentemente), Pietro produz objectos animados que nos divertem e interrogam pelas suas formas e movimentos e onde a fantasia se alia à poesia.



Pietro nasceu no norte de Itália em 1938.
Veio para Portugal com a idade de 11 anos.
Foi sempre apaixonado pela mecânica e no final do século passado começou a construir os Objectos Cinemáticos.
Participou nas actividades da Craft and Design em Lisboa desde o ano 2007.
Efectuou duas exposições na Fábrica Braço de Prata em Lisboa no ano 2008.
É actualmente artista convidado na Livraria Ler Devagar na LX Factory.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

DEZEMBRO (26) | CONCERTO PARA MAQUINARIAS E ESTADOS LÍQUIDOS | CANAL ZERO | n'A Moagem


Sinopse:  

O projecto Canal Zero habita um lugar onde a imagem e o som se cruzam para dialogarem e se desenvolverem mutuamente, encetando no encontro a construção de uma narrativa incerta, contagiada pela linguagem musical e a imagem em tempo real. Transporta para uma viagem híbrida onde o som tem visibilidade e as imagens ruído. A música electrónica e a música acústica fundem-se, através de instrumentos como a captura de som, os samplers e as modelações analógicas, numa composição orgânica onde a imagem serve como instrumento visual e sonoro. 

Numa mesa de luz, diversos materiais (maquinaria, sucata, tintas, entre outros), como se fossem parte do acervo de um museu de raridades, são exibidos e dissecados sobre um vidro. Em metamorfose, são apresentados em dupla projecção.  

 

A voz dos mecanismos parece emergir de lugares intemporais para depois se dissolver no ar, onde o encantatório e o real encontram as afinidades electivas. Em ambiente laboratorial, a composição é ritmada por um som ora electrizante ora de uma delicadeza simples e 

desprovida. Os três intérpretes são cúmplices numa relação de continuidade e descontinuidade, de modo a darem espaço para que a imagem seja um elemento escultórico do som e o som uma composição da imagem. 

Canal Zero 

 

FICHA TÉCNICA

joão bento > composição e interpretação sonora, composição 

visual, tábua de cordas, teclado, modelações analógicas, 

sampler e captações sonoras 

joão cabaço> composição e interpretação sonora, composição 

visual, guitarra eléctrica, sampler e programação 

rodolfo pimenta > composição de imagem em tempo real e 

composição sonora 

carlos olivença, joão sofio, pedro fonseca > desenho de luz e 

apoio técnico 

joana torgal > design gráfico 

tiago fróis > fotografias 

joão cabaço> ilustração 



Biografia projecto: 

O processo tem vindo a ser desenvolvido desde a primeira apresentação no Cinema S. Jorge (Lisboa), em 2004, a convite do Festival Monstra – Mostra Internacional de Cinema de Animação de Lisboa para sonorizar os primeiros desenhos animados rodados em película, do realizador Emil Cohl. 

A partir de filmes experimentais próprios e de outros criadores portugueses têm apresentado espectáculos dentro e fora do país, entre os quais: Ó da Guarda – Festival de Novas Músicas, no Teatro Municipal da Guarda; Centa (Centro de Estudos de Novas Tendências Artísticas), Tojeira – Vila Velha de Ródão; Imago – Festival Internacional de Cinema e Vídeo Jovem, Fundão; Cines Casablanca, Barcelona; Sttutgard Film Winter, Estugarda; Cinema Passos Manuel, Porto; Teatro Maria Matos, Lisboa; First Festival, Caldas da Rainha; Super Stereo Demonstration, Linhares da Beira; Cine-Teatro Curvo Semedo, Montemor-o-Novo; Culturgest, Lisboa. 

 

Biografias intérpretes: 

João Cabaço nasceu em 1976 em Santarém. Estudou na Escola Sec. Dr. Ginestal Machado e Artes Plásticas na ESAD das Caldas da Rainha. Edita a fanzin Notibó. Editou o seu primeiro livro - “Scratchbook” em parceria com a Chili com Carne e a Researche pela qual é representado ao nível de ilustração. Participou com ilustrações para a Mutate & Survive, as publicações Mesinha de Cabeceira, e a revista DIF. A nível musical trabalha com o projecto XU, o projecto Canal Zero e Lauro Palma. Tem trabalhado também na musicalização de filmes de animação, recentemente o filme de Fernando Galrrito “Com uma Sombra na Alma”. 

 

Rodolfo Pimenta nasceu em Sintra no ano de 1979. Desde 1996, realiza projectos ligados ao audiovisual, na realização de curtas-metragens de animação e documentários. Co-orientador dos ateliers Frame a Frame, actualmente Oficinas Fotograma 24, onde continua a desenvolver projectos direccionados para um trabalho pedagógico com crianças/jovens, dos quais resultam várias curtas-metragens de animação, algumas premiadas 

nacional e internacionalmente. Actualmente, encontra-se a co-realizar um documentário sobre as Minas da Panasqueira. Em simultâneo, utiliza a imagem como instrumento visual e sonoro, no projecto Canal Zero.   

 

João Bento nasceu no Fundão em 1980. É licenciado em Artes Plásticas pela ESAD das Caldas da Rainha. Formação de música improvisada com o músico Greeg Moore e Teramin com Pamelia Kurstin. Participa com  regularidade em vários encontros e festivais com criações no âmbito da instalação vídeo, live acts, performances e screenings. Coordenou entre 2004 e 2006 o Projecto VS (plataforma de vídeos experimentais portugueses e internacionais). Co-criador e intérprete do projecto Canal Zero, Cinema Volante e da performance “Sem título até Hoje”. Permanente representação em mostras internacionais de vídeo experimental: WKV-Wuertt-Kunstverein Sttutgart Museum, Videoteca Municipal de Lisboa, Festival Documental de Sarajevo, Festival di nuove immagini dei new media – Torim – Itália.   

 

 

Crítica Rui Eduardo Paes: 

Todos os membros do trio Canal Zero são, em simultâneo, artistas sonoros e visuais, e isso tem consequências em tudo o que fazem, seja qual for o prisma com que observemos as suas propostas: a música é evocadora e imagética, sem ser ilustrativa, e as imagens projectadas têm uma construção inerentemente musical. O que significa que não há subalternizações nem hierarquias nos media cobertos pelo projecto, coisa que vai sendo rara. Mas de música instrumental no sentido tradicional do termo, sem recurso às polivalências do computador, se trata, com teclados electrónicos (João Bento) e guitarra eléctrica (João Cabaço), assim como é de pendor escultórico o trabalho visual de Rodolfo Pimenta. Os processos deste são bastante curiosos: coloca maquinarias ou sucatas sobre uma mesa de luz e manipula-as ao vivo, com duas câmaras de vídeo a transmitir para a parede de fundo, sempre em tempo real, os estranhos artefactos produzidos. Ocasionalmente, os ruídos produzidos por essa 

manipulação são processados pelos samplers dos outros dois membros do grupo e assim aproveitados musicalmente. As performances sob o nome Canal Zero balizam-se entre dois extremos: ora são radicalmente abstractas, com, por exemplo, a intervenção da “tábua de cordas” de Bento e de gravações de campo anteriormente realizadas, além de imagens objectuais não identificáveis devido à proximidade da captação, ora sustentam-se sobre “beats” regulares, não muito distantes de alguma música de dança electrónica, com as projecções a tornarem-se mais figurativas e discerníveis. Desta equação resulta o que os próprios elementos do grupo referem como “narrativa Incerta” e “viagem híbrida”, parecendo que estamos num laboratório a experimentar os limites da realidade. Reconhecido videasta, João Bento estudou improvisação musical com o trombonista Gregg Moore e theremin com  Pamelia Kurstin, numa região do País, a Beira Interior, que trouxe alguns importantes nomes para a música experimental (casos de Rodrigo Pinheiro, Albrecht Loops e Kubik), muito graças às iniciativas da Ofmubi. Ilustrador 

e compositor para filmes animados, João Cabaço é um claro produto da dinâmica Escola Superior de Arte e Design das Caldas da Rainha, onde leccionam artistas e músicos de relevo como João Paulo Feliciano e José Eduardo Rocha. Por sua vez, Rodolfo Pimenta tem firmado o seu nome na animação, no documentalismo e na pedagogia audiovisual, interessando-se especialmente pela vertente sonora do trabalho videográfico. Ainda bem que os seus caminhos se cruzaram. 

 

Rui Eduardo Paes  

[crítico de música, ensaísta, editor da revista jazz.pt] 

 

NOVEMBRO (21) | MECHANIQUE DES CORDES | aXe ENSEMBLE e CARLOS "ZÍNGARO" | n' A Moagem


Sinopse:  

Todo e qualquer espectáculo do aXe Ensemble (Kamal Hamadache e Sigrid Gassler) associa movimento e som, duas das coordenadas fundamentais da arte intermedia. Esculturas cinéticas e máquinas robotizadas constituem os pilares do trabalho musical e cénico, gerido este por meio de um sistema informático baseado no cálculo de probabilidades. No caso específico de “Mécanique des Cordes” verifica-se tal em interacção com um performer humano, o violinista Carlos “Zíngaro”. Entre o movimento e o som há uma relação física, sustentada na vibração das estruturas mecânicas, sendo esta amplificada para tornar audível o mínimo sobressalto.  

 

FICHA TÉCNICA

curadoria > carlos “zíngaro”, rui eduardo paes 

interpretação > aXe Ensemble [kamal hamadache, sigrid 

gassler], carlos “zíngaro” 

granular é uma estrutura financiada pela direcção-geral das artes / ministério da cultura 


Biografias: 

kamal hamadache, compositor com actividade no domínio das músicas electrónica e electroacústica, as obras de Hamadache são como que fotografias sonoras dos mundos geológico, vegetal e animal.  

 

Gassler é uma instalacionista e cenógrafa especialmente interessada na construção de mecanismos que parecem ter uma vida própria e que tanto se dão a ver como a ouvir.  

 

“Zíngaro”, por sua vez, é uma das mais importantes figuras da improvisação internacional, situado algures entre a matriz referencial do free jazz e o experimentalismo, se bem que a todo o momento evidenciando a sua formação clássica. 



Crítica Rui Eduardo Paes: 

Todo e qualquer espectáculo do aXe Ensemble (Kamal Hamadache e Sigrid Gassler, franceses da Bretanha, ele de pai argelino, ela de origem austríaca) associa movimento e som, duas das coordenadas fundamentais da arte intermedia. Esculturas cinéticas e máquinas robotizadas constituem os pilares do trabalho musical e cénico, gerido este por meio de um programa informático baseado no cálculo de probabilidades. No caso específico de “Mécanique des Cordes” verifica-se tal em interacção com um performer, o violinista Carlos “Zíngaro”. Entre o movimento e o som há uma relação física, sustentada na vibração das estruturas mecânicas, sendo esta amplificada para tornar audível o mínimo sobressalto.  

 

O sistema montado tem uma importante componente de aleatoriedade, o que quer dizer que os desenvolvimentos escapam frequentemente à vontade dos intervenientes, mas o certo é que, sem estes, nada aconteceria sobre o palco. É como se existisse uma luta permanente entre as unidades de carbono (os criadores humanos) e as unidades de silício (os computadores). Por haver uma base de dados previamente estabelecida, Hamadache fala das performances de “Mécanique des Cordes” como sendo uma “meta-manipulação” dos sons e dos objectos. As 

leis e as lógicas seguidas são, essencialmente, as do Caos, não no sentido da evidenciação do acidente, mas fazendo passar a ideia de que tudo está secretamente orquestrado pela imponderabilidade da natureza. Daí o nome do espectáculo, alusivo não só à interactividade do violino com os robots e as chapas de metal, mas também à Teoria das Cordas: segundo esta, cada partícula elementar do universo é a manifestação de uma cósmica corda a vibrar com diferentes frequências. 

Compositor com actividade no domínio da música electrónica, as obras de Kamal Hamadache são, regra geral, como que fotografias sonoras dos mundos geológico, vegetal e animal. O seu trabalho passa pela recolha de sons da natureza e o tratamento binário destes, com programas de computador de sua própria autoria. Gassler é uma instalacionista e cenógrafa especialmente interessada na construção de mecanismos que parecem ter vida própria e que tanto se dão a ver como a ouvir. “Zíngaro”, por sua vez, é uma das mais importantes figuras da improvisação 

internacional, situado algures entre a matriz referencial do free jazz e o experimentalismo electroacústico, se bem que a todo o momentoe videnciando a sua formação clássica. No muito pessoal entendimento da música do português perpassam as assumidas influências de John Cage, Ornette Coleman e Jimi Hendrix, mas na sua abordagem violinística podemos também ouvir Paganini, Bartok e Schostakovich. 

 

Rui Eduardo Paes  

[crítico de música, ensaísta, editor da revista jazz.pt] 

 

 

OUTUBRO (25)| TWINTAR | ALBRECHT LOOPS E JOSÉ MIGUEL PINTO | 21H30 | n'A Moagem



O Twintar tem a particularidade de não ser controlado por qualquer um dos intervenientes. A previsão do que irá acontecer quando se manipula o instrumento não existe deixando ao músico uma matriz flutuante para operar em que o jogo é feito com intervalos relativos e não exactos. 

Este instrumento tem como base estudos nos comprimentos de corda e a amplificação das mesmas e é influenciado pelos trabalhos de Harry Partch, Hans Reichel e Glenn Branca. 


FICHA TÉCNICA

autoria > albrecht loops 

músicos > albrecht loops, josé miguel pinto 

concepção e construção do instrumento > albrecht loops 

 


Biografias: 

Albrecht Loops 

Nasceu em 67. Autodidacta. Frequentou workshops na área da música improvisada com Carlos Zíngaro, Peter Kowald, Nuno Rebelo, Gunter Muller e John Zorn, e na área da dança e novas tecnologias com Sarah Rubidge e John-Marc Gowans. Tem o Curso de Construção de Instrumentos Tradicionais Portugueses ministrado por Fernando Meireles (95/96). Compositor de bandas sonoras para teatro, dança, performance, cinema e vídeo, trabalhou com Dato de Weerd, Paulo Lisboa, António Feio, Nuno Cardoso, Paulo Castro, José Wallenstein e Rui Nunes, entre outros. Participa ao vivo como improvisador e performer. Gravou “Capítulo Primeiro” e “Oscilante”, com os Gabardine 12, e “Tails Out”, com os Deadly Gas. A solo gravou “Alkaline-low” / colectânea Way Out New Music From Portugal, “Cargo – 1ª parte: tensor” / colectânea Indiferença, e compilação de temas de bandas sonoras para Visões Úteis, editado conjuntamente com o livro comemorativo dos 5 anos da companhia. Em Junho 2002 lançou o CD intitulado “Coiso” gravado ao vivo no Teatro Nacional S. João em Julho 2001. 

Construtor de instrumentos alternativos. Explorador de sistemas interactivos entre dança e música É director artístico e organizador do Co-Lab, festival internacional de música experimental / improvisada. 

 

José Miguel Pinto

Nasceu em 1973 na Figueira da Foz. Músico autodidacta.

Pertenceu à OfMubi – Oficina Musical da Beira Interior, projecto dedicado à divulgação das Novas Musicas, na qual esteve na organização do 1º. Ó da Guarda – Festival das Novas Musicas.

Dirigiu o workshop "Bandas Sonoras e Improvisação" (Covilhã, 1997).

Frequentou workshops com Frank Mobus, Gregg Moore, Nuno Rebelo, Jon Rose, Paul Mayer, Hamadi Ben Othman, Aires Silva, Sarah Rubidge e John-Marc Gowans.

Participou em vários concertos na área da música rock, pop, improvisada, electrónica e experimental.

Tocou com R:IP - Rotterdamse Improvisatie Poel em Roterdão, Filipe Menezes, Grupo Grua, Rodrigo Pinheiro, Miguel Leiria Pereira, Albrecht Loops, Gustavo Costa, João Martins.

Compôs bandas sonoras para teatro e intervenções artísticas diversas.

Fez arranjos e instrumentação para TASCO (Tuna da Universidade de Évora), Trashcleaner (banda efémera de pós-rock).

É membro fundador do projecto de música improvisada Oh!Malone, com quem gravou "OhMalone S (4!/k!*(4-k)!)" (co-produção OhMalone / Rock'n'Cave, 2000), "OhMalone ao vivo no Hard Club" (edição de autor, 1998) e compôs a banda sonora para a peça de teatro "Seis Gaivotas", do grupo Visões Úteis. Participou na Mostra Nacional de Jovens Criadores'99.

Utiliza instrumentos tão diversos como a guitarra eléctrica, rádios, cassetes, zeremin (adaptação livre, multifónica e por vezes midi do theremin), instrumentos preparados, computadores, berimbau, memórias RAM de equipamentos diversos, piezos eléctricos.


  Crítica Rui Eduardo Paes: 

Músico de extracção rock voltado para a improvisação, além de ter um interessante percurso como compositor de cena que até agora incidiu especialmente no teatro (bem documentado no álbum “Coiso”), Albrecht Loops prefere tocar guitarras que sejam desenhadas e construídas por si mesmo. A experimentação de possibilidades técnicas e de léxico começa, no seu caso, na manufactura do instrumento – este pode parecer rústico e artesanal, mas dispõe exactamente das propriedades e das características indispensáveis para o seu pessoal jogo sonoro, algo que podemos situar entre Derek Bailey, Fred Frith e Thurston Moore. Em vez de se adaptar à ferramenta a que chamamos guitarra, Alberto Lopes, de seu verdadeiro nome, adapta a guitarra às suas mãos e à mente que as conduz. Mas o mais certo é as bases da sua atitude experimental virem até antes desse trabalho de “luthier”: paralelamente à sua actividade musical, Lopes é um prestigiado engenheiro de som, e este, não o instrumento, é o pilar sobre o qual age enquanto guitarrista. 

Uma das guitarras que saíram da sua banca de montagem é a twintar, mas pelo nome logo verificamos que não é propriamente igual às outras: trata-se de uma guitarra dupla, com os braços em direcções opostas, concebida para ser tocada na horizontal por dois músicos. Imposta à priori é a dependência dos dois executantes, pois as cordas são as mesmas e não é possível dividir o instrumento em dois subsistemas, como acontece com o piano a quatro mãos. O que um faz pode interferir no discurso do outro, pelo que a dupla de twintaristas deve inventar (no tempo real da improvisação) formas colaborativas muito mais próximas do que é usual. A imprevisibilidade deste cordofone é, não um convite ao descontrolo, mas um desafio às capacidades decisórias combinadas, ou pelo menos (inter-)reactivas, dos seus manipuladores. 

 

Para a invenção deste novo instrumento, Albrecht Loops estudou os comprimentos de corda, tal como o fizeram Paul Panhuysen e Ellen Fullman para as suas instalações “long string”, bem como os fenómenos de amplificação, inspirando-se não só nas orquestras de guitarras eléctricas de Glenn Branca e nas guitarras transformadas de Hans Reichel, como na música microtonal de Harry Partch. Plenamente consciente da natureza cooperativa da improvisação musical, Loops tem em José Miguel Pinto um parceiro já habitual. Também este provém do rock, e também este se virou para a música improvisada e o experimentalismo, muitas vezes recorrendo à electrónica. Neste âmbito, lida preferencialmente com piezos, memórias RAM de equipamentos diversos, rádios e cassetes ou um theremin modificado, o zeremin, capaz de multifonias. A guitarra é, no entanto, a sua principal ferramenta, dela fazendo usos igualmente não-conformistas. A escolha indicada, pois, para este projecto. 

 

Rui Eduardo Paes  

[crítico de música, ensaísta, editor da revista jazz.pt] 

 


domingo, 6 de setembro de 2009